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domingo, 23 de setembro de 2018

Estuário do Rio Tejo - espécies marinhas



Os Peixes existentes no Estuário do Rio Tejo 

Boa tarde, faz tempo que tinha este artigo para publicar, outras coisas se foram pondo pelo meio e acabou por ficar para trás, eis que está ai para quem queira ver.

Dentro de um Estuário, são muitas as espécies que podemos encontrar. A diversidade é muito vasta mas entendo ser importante dar a conhecer as suas características bem como o valor gastronómico dos peixes que podemos encontrar e pescar. O objectivo é dar a conhecer o peixe e a forma como pode ser pescado, não pretendo entrar no campo cientifico mas sim em questões mais práticas. Vamos então ao que interessa.

Começamos por falar dos Peixes residentes no estuário, aqueles que nascem, crescem, reproduzem e morrem dentro deste ecossistema, cumprindo o seu ciclo de vida dentro do Tejo.

Anchova ou Biqueirão


Espécie residente no Estuário do Tejo mais frequente no mar da palha, é facilmente confundida com a Sardinha. Com um corpo achatado pode atingir em média os 20 cm. Devido ao tamanho dos seus maxilares, permite uma grande amplitude na abertura da Boca. Vive em grandes cardumes, perto da superfície e alimenta-se de plâncton.
Valor gastronómico:
É uma das espécies residentes com valor comercia, por ser utilizada na produção de conservas/enlatados. 
Melhor altura do ano para a sua captura:
Todo o ano.
Melhores iscos a utilizar:
Capturada através de artes tradicionais.

Caboz 


O Caboz, também conhecido por cabeçudo, é um peixe de pequenas dimensões, entre os 12 e 15 cm. Tem uma cabeça grande tendo em conta o tamanho do corpo. Um peixe de cores escuras e em alguns casos sarapintadas. As zonas onde reside são caracterizadas por rochas que lhes dão abrigo para a vida.
Valor gastronómico: 
Esta espécie raramente é usada na alimentação pelo que não tem valor gastronómico e comercial.
Melhor altura do ano para a sua captura:   
Pode ser capturado o ano inteiro embora só é procurado como isca para a pesca.
Melhores iscos a utilizar: 
A melhor forma de capturar é durante a baixa-mar, remexendo algumas rochas que entre a sua base e o solo retenha alguma água.
 

 Cavalo-marinho e Marinha

Mesmo sendo da mesma família tem as suas diferenças. O Cavalo-marinho, com um comprimento na ordem do 15 cm, apresenta a cabeça inclinada, formando com o corpo um ângulo agudo, um focinho comprido e não apresenta barbatana na cauda. As Marinhas, são normalmente um pouco mais compridas, tem barbatana caudal e exibem uma posição mais linear, não tão enrolada como o seu semelhante. Gostam de habitar junto ás algas ou limo flutuantes e alimentam-se de pequenos crustáceos.
Valor gastronómico:  
Não são utilizados na alimentação.

Peixe-rei

Não tenho foto de minha autoria 

O género que falamos pode atingir um comprimento máximo de 20 cm. A sua cor é bastante clara, o dorso ligeiramente esverdeado e a zona do ventre prateada. Estas duas regiões estão separadas por uma lista cinza brilhante. Pode ser visto em fundos de areia e também fixados junto a pontões ou vegetação densa, onde fixa os seus ovos por altura da postura. Alimenta-se de pequenos crustáceos. Até à relativamente poucos anos ainda se via a sua captura neste Concelho do Seixal, pelas redes de malha miúda designada Tapa-Esteiros, hoje proibida.

Valor gastronómico: 
Trata-se de um peixe com algum interesse comercial, hoje já não tem procura por parte dos pescadores locais.
Melhor altura do ano para a sua captura: 
A sua captura nos dias que correm está finda, isto também devido às restrições de lei nas formas como eram apanhados.

 Xarroco (O Tamboril do Tejo) 





Valor gastronómico: 
Não é um peixe muito querido para o prato mas há que não dispense um ou dois pequenos para por na caldeirada. Também se come numa massada, é um peixe muito branco. O seu valor é reduzido, pois o pessoal prefere mesmo o Tamboril mas por vezes encontra-se à venda. Sei que é comprado nas lotas aos pescadores profissionais mas penso que para farinhas de peixe. 
Melhor altura do ano para a sua captura: 
Pode ser capturado durante todo o ano, tem uma maior incidência nos meses de verão.
Melhores iscos a utilizar:
Para este predador, qualquer coisa serve mas a sardinha é rainha. Também existe quem os apanhe durante a baixa-mar, pode ser encontrado debaixo de pequenas pedras junto ás margens e pequenas poças que ficam a descoberto, neste caso são apanhados com uma gancheta.

 

Acabamos de falar nos residentes e é altura de passar a todos os que fazem dos estuários os berços para crescer.  

Muitas são as espécies de peixes que nascem em pleno oceano Atlântico, sobem o conhecido Canal da Barra, toda a zona do Bugio  até ao Mar da Palha, e procuram abrigo dentro dos estuários onde passam os seus primeiros tempos de vida, que pode se prolongar por mais de um ou dois anos. Hoje em dia, com as águas mais limpas são notados enormes exemplares de predadores que tem os peixes do estuário na sua cadeia alimentar.

 

Robalo

 

Predador de peso, onde houver cardumes de peixe pequeno ele está lá. Atinge 1m comprimento. O corpo apresenta o ventre prateado e o dorso cinzento. Vive em cardume e alimenta-se de pequenos peixes, camarão entre muitos outros, não fosse ele um voraz e temível predador.  

Valor gastronómico: 
Elevado valor comercial e gastronómico. Muito procurado por que gosta de uns bons lombos quando cozinhado ao sal. Uma das espécies mais procuradas por quase todos os pescadores que por aqui passam os seus dias de lazer ou trabalho.

Melhor altura do ano para a sua captura: 

Pode ser pescado todo o ano. Seja no verão ou inverno lá se vão vendo bons exemplares.

Melhores iscos a utilizar: 

São muitas e diversas as formas e iscos que podemos utilizar para apanhar um Robalo, entra para comer peixe e camarão, quem vier com umas amostras e com camarão vivo tem apanhado uns bons peixes. Os mais usados pelos pescadores é o casulo do local, ganso local, caranguejo. Contudo, podemos usar outros anelídeos, sardinha e etc. No caso da sardinha, geralmente o xarroco chega primeiro. As Amostras também são uma solução para pescar este predador, o pessoal do Spinning tem tido muitas alegrias por estas bandas.

Sargo 

 O Sargo Vulgar é o que vai aparecendo por cá, de cores cinzento prateado com as listas negras. Já se tem apanhado exemplares com mais de um quilo mas é mais comum sair de dimensões mais pequenas. Como mariscador que é não podia deixar de ser visto junto a pontões ou zonas com rocha. 

Valor gastronómico:  
Bom valor gastronómico. Sendo um mariscador, a sua carne tem um sabor muito agradável.
Melhor altura do ano para a sua captura: 
Pode ser visto todo o ano. Pela altura do verão, são notados muitos juvenis, sendo a altura em que se podem apanhar mas em tamanhos muito pequenos, de noite podem sempre aparecer os mais jeitosos que fazem a alegria de quem pesca à bóia.
Melhores iscos a utilizar: 
O Sargo por estas bandas come bem os anelídeos mais vulgares por cá como é caso do casulo e ganso mas também funciona muito bem a camarinha lingueirão e o caranguejo. Camarinha e minhoca do lodo pode fazer-se uma pesca à bóia, de noite e os outros iscos na tradicional pesca ao fundo. 

Dourada    

 

Podem ser vistas com 50 cm de comprimento, bons exemplares tem entrado no Tejo e visitando o Seixal embora a sua maioria seja peixe juvenil. De corpo largo de cores cinzenta e prateada e no dorso um tom mais negro. Facilmente conhecida pela mancha negra na lateral, pela mancha dourada entre os olhos e a sua dentição que chaga a assustar.

Valor gastronómico: 
Muito alto. Já entra nos peixes nobres. Com 400 ou 500 gramas pode ser escalado e colocado no carvão. De maiores dimensões sal com ela, fica uma pequena maravilha. Também pode ser visto no blog a receita de peixe ao sal, muito bom.

Melhor altura do ano para a sua captura: 
Os melhores troféus tem sido apanhados nos meses mais quentes até que o frio corre com elas para o mar. Peixe que procura águas calmas para se alimentar, não precisando que o mar arranque o marisco das rochas ela mesma trata do assunto com as suas fortes mandíbulas. No inverno lá vai aparecendo a espaços.

Melhores iscos a utilizar: 
Gosta muito de anelídeos em especial o ganso mas também com casulo. O caranguejo de dois cascos ou mole também se mostra muito eficaz. Por aqui a pesca é feita ao fundo podendo por dois anzóis embora o pessoal opte por um anzol com um estrálho mais comprido.

Salema

 

Peixe com um formato parecido com a Choupa embora seja mais prateado com umas listas longitudinais amarelas. Pode atingir 45 cm de cumprimento e 2 kg de peso. Este peixe tem duas características que os diferem de muitos peixes. São hermafroditas, começando por ser macho até aos 4 anos de idade alterando para fêmea o resto de vida útil. A segunda tem a ver com o facto de aquando juvenis são carnívoras, na maioridade passam a ter uma alimentação vegetariana, baseada em algas. Muitos dos pescadores procuram este peixe pela luta que proporcionam a quem as tem ferradas no anzol, faz lembrar a nossa amiga Dourada.

Valor gastronómico: 

Não é um peixe de elevado valor ou de grande procura embora seja visto nas bancas em algumas alturas do ano.

Melhor altura do ano para a sua captura:  
No Verão, altura em que existe muito limo e anelídeos. É nesta altura que vai aparecendo em maior numero aqui pelo Seixal

Melhores iscos a utilizar: 

A Salema pode ser pescada à bóia com "limo verde tipo tabaco" . Também come outros iscos como é caso de anelídeos, mais propriamente a minhoca do lodo. 

Continua...

Nuno Fernandes (nuno perto do mar)

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Molhelhas e Gravatas, adornam uma embarcação

Boa tarde a todos,
A beleza de uma embarcação tradicional, Típica do Estuário do Rio Tejo, está no seu todo. O fascínio da madeira que está representada em toda a embarcação, o velame que faz deslocar a embarcação e lhe dá imponência, as pinturas tradicionais que dão vida e alma e a arte de marinheiro nos mais diversos trabalhos com cabos. Hoje venho partilhar alguns trabalhos que tenho feito para acrescentar um pouco mais de beleza a estes barcos, como é o caso das defensas de proa/molhelhas e gravatas/colares. Após algumas horas de trabalho e eis que aparecem feitas as peças que todos os Arrais gostam de ter na proa das suas embarcações.


Vou começar por vos mostrar algumas etapas e o trabalho final. A conjugação dos nós acaba em trabalhos muito bonitos, dignos das vossas embarcações tradicionais.




Depois vem a cor, como em tudo nesta vida, acaba por enquadrar os trabalhos na perfeição com as embarcações.





Finalmente, e depois de algumas horas de pinturas, passo a apresentar os trabalhos acabados.







De momento estou a terminar mais alguns trabalhos, logo que seja possível passo por cá para vos mostrar, se precisarem faço trabalhos nesta arte à medida de quem possa precisar, o preço a pagar não será muito e ajuda a manter a arte, conto convosco.

Nuno Fernandes (Nós perto do mar)