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quarta-feira, 12 de junho de 2019

Arte Marinheiro, porque não apoiar e preservar esta arte.

Boa noite, meus amigos e seguidores deste nosso espaço, um grande abraço!


Hoje o artigo vem em forma de desabafo, alguma tristeza mas conformado. Não tem sido fácil manter o meu blogue activo, com trabalhos de qualidade e diversidade. Só me tem sido possível dar continuidade à vertente decorativa, baseada em porta-chaves e pulseiras. Isto porque destes artigos as pessoas gostam e consigo ir vendendo muitos peças o que permite adquirir mais material para repor e, se possível, ainda fazer uma peça ou outra mais elaborada com o material que vai sobrando. A vertente tradicional, que eu amo e passei muitos anos a aprender e desenvolver, é mais complicado de manter. Os materiais estão muito caros, falo só do sisal e cânhamo, porque outros materiais acabam por ser mais caros e não é possível fazer molhelhas, gravatas e defensas sem gastar muitos metros deste cabo.



Tenho um stock de artigos feitos muito engraçado mas acabamos por não ter onde expor para que as pessoas possam ver de perto e se interessar, restando as redes sociais que ajuda na parte comercial. Os apoios que todos acham bem e que devem existir a esta arte, pois não existem. A partilha, enquanto se ensina, não acontece e deste forma os conhecimentos acabam por se perder e correr o risco de se extinguir. As embarcações típicas trocaram as defensas tradicionais feitas em cabo por soluções em borracha, o lais de guia, sendo o nó que mais castiga o cabo, veio substituir a costura e muitos são os mestres de embarcações que nem as mãos para amarrarem a embarcação sabem fazer.





O lindo que fica, uma gravata e molhelha repleta de cor presa no caneco, as defensas tradicionais a cama de estai em rede e os muitos nós decorativos que colocamos na cana de leme entre outros, fazem parte da alma da embarcação e devemos sempre manter, dentro do possível. Os trabalhos que fiz e acabei por não oferecer ou vender, certamente estarão presentes para serem vistos onde os desejarem e com todo o gosto da minha parte em ensinar mas continuar a fazer já não me é possível e torna-se incomportável pelo que terei de deixar de produzir, excepto os trabalhos que me foram pedidos até à data. Não é incomportável porque, como disse anteriormente, uma defensa tradicional leva muitos metros de cabo e não é fácil adquirir material para depois os trabalhos acabarem em casa. Deixou de ser possível porque as horas que dedico a arte de marinheiro, na vertente decorativa mais ligeira, leva grande parte do tempo que posso despender e como deixei de trabalhar no meio náutico neste momento, fica mais difícil aparecer e estar com as pessoas ligadas a esta arte. Como diz o ditado,"quem não aparece, esquece" e eu não tenho aparecido. Há que saber reconhecer, aceitar e continuar a partilhar com quem queira aprender, isso sim vou continuar a fazer.



O resto, vou deixar para quem possa ter mais sorte, tempo e os apoios para continuar a preservar esta maravilhosa arte, eu fiz a minha parte e durante uns largos anos tentei divulgar ao máximo mas não consegui. Com pena minha esta vertente vai ter de ficar por aqui mas eu também por cá continuarei com o blogue e os porta-chaves, pulseiras e outros pequenos artigos ligados a esta arte, até se justificar e ser possível a dedicação e disponibilidade. De momento os projectos que tenho é nesta vertente e é para ai que as minhas atenções vão ter de se virar. Vão sempre poder adquirir um porta-chaves e uma pulseira do "Nós perto do mar" sempre que desejarem, mais novidades para breve.

Muito obrigado por lerem as minhas palavras, como sempre estarei aqui para o que for preciso, grande abraço!

Nuno Fernandes (Nós perto do mar)

6 comentários:

  1. Boas!
    Tem sido um blogue que tenho seguido, de forma anónima e sem comentar. Mas tenho visto todas as publicações e gosto muito desta arte.
    Também gosto muito de fazer alguns destes nós. As pinhas de retenida, tem sido dos que mais tenho feito, para mim e para oferecer.
    Muitos parabéns pelo seu trabalho. Se o deixar de fazer vai desaparecer esta arte. Quem sabe aparece alguém e consegue expor todos eles.
    Realmente se deixar de publicar, vão esquecer, disso não tenho duvida.
    Já agora, como se chama o nó que tem com as duas cordas brancas. Aquele laço na ponta do cabo?
    Abraço

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  2. Boa tarde Francisco, antes de mais, muito obrigado pelas palavras. O blogue vai sempre estar por aqui, mesmo que um dia não possa mais actualizar o material que já existe fica para quem queira ver ou retirar alguma foto que possa ajudar. Foram muitos anos amigo, sempre só e ao mesmo tempo com esta janela para o mundo que se chama Net. O trabalho vai continuar só que noutra vertente, onde os meus artigos decorativos tem sido valorizados. Falo de porta.chaves, pulseiras e outros artigos do género. Em relação ao nó, alça costurada no chicote de um cabo, esse tem um sapatilho em inox para segurança no roçar do cabo. Costura.

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  3. Muito bom, vc tem alguma publicação? Ou algum manual? Se não tem, pense seriamente em publicar um!! Eu seria um cliente dos seus materiais. Abraço

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    1. Boa noite Rodrigo, obrigado pela força. Não tenho nenhum manual editado só os artigos aqui publicados. Ainda não ensinam como eu pretendo mas já dá uma pequena ajuda. Seria um projecto muito interessante mas nunca tinha pensado nisso. Quero sim fazer uns vídeos para ajudar a malta a conhecer um pouco mais que o Lais de Guia, grande abraço

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  4. Boas Nuno,
    Compreendo bem o teu desabafo, até porque deixaste de trabalhar no meio náutico e sem apoios também é difícil continuar esta arte, mas a forma de te prestar o meu apoio é relatar aqui uma história de sucesso de dois amigos de avançada idade que têm uma "barraca" (arrumo de pesca) numa comunidade piscatória e lá desenvolvem o seu trabalho, expõem e comercializam os seus artefactos relacionados com a arte de marinharia e outras artes relacionadas com o mar, nomeadamente réplicas de embarcações em miniatura e "engaiar" (proteger com cabos) objectos de vidro (boias, garrafas, garrafões, petromax, etc.). Também fazem exposições e workshops em escolas e feiras. É uma sugestão...

    Haja saúde e tudo a correr bem! ; ))

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    1. Obrigado amigo, não só pela força das tuas palavras mas também por seguires o meu trabalho faz tempo. É uma ideia muito válida, daí estar a funcionar com esses mestres mas arranjar um espaço aqui no Seixal não está fácil e os apoios são sempre para os mesmos, politiquices. Para não romper de vez, tenho mesmo de terminar com a marinharia tradicional, virada para as ainda existentes embarcações típicas do estuário do rio Tejo, os brindes e porta-chaves entre outros pequenos artigos vou continuar a fazer, até porque estou com parcerias muito porreiras nesta vertente mas o meu amor estava nas defensas, molhelhas e gravatas e restantes trabalhos tradicionais que dão alma a uma embarcação. Grande abraço e obrigado por seguires este nosso blogue,
      Nuno Fernandes (Nós perto do mar)

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