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quinta-feira, 11 de junho de 2015

Encontro de Embarcações Tradicionais, Típicas do Estuário do Rio Tejo



Realizou-se, no passado fim-de-semana, mais um Encontro de Embarcações Tradicionais no Seixal. A Associação Náutica do Seixal contou com os apoios do Município e da União de Freguesias do Seixal, Arrentela e Aldeia de Paio Pires e promoveu uma iniciativa que contou com diversas atividades culturais, não só no plano de água, mas também em terra.

Antes de passar para a água, vou-vos dar a conhecer as atividades realizadas em terra. Começo por vos falar de pinturas tradicionais, existiu um ateliê onde as crianças podiam aprender as pinturas que caracterizam este tipo de embarcações. Foi possível juntar muita vontade de aprender com o apoio de uma monitora com conhecimento da matéria.



Perto do mesmo espaço, existia um pequeno Catraio que foi recuperado e aguardava alguns retoques de pintura e a realização dos desenhos que o decoram. Deixo as fotos para ilustrar e dar a conhecer o mestre Eduardo Rodrigues que fez, no local, um trabalho extraordinário. Deixo os meus parabéns e que não deixe acabar esta arte, mestre!

Mestre Eduardo Rodrigues, de Sarilhos Pequenos.



Ainda foi possível ao mestre Eduardo partilhar os seus conhecimentos com quem quis aproveitar e fazer os seus próprios trabalhos.







No jardim que fica junto à Casa dos Pescadores, espaço sede da Associação Náutica do Seixal, realizou-se uma feira de artesanato. Espaço onde se podiam ver os trabalhos realizados pelos artesãos locais bem como alguns produtos gastronómicos.


Agora vamos passar para o plano de água, onde quem manda é o vento e a arte de quem manobra estas embarcações. Não se faz um encontro de embarcações tradicionais sem a colaboração das diversas pessoas que mantêm vivas estas obras de arte que flutuam no Tejo.



Foram dois dias em que se pode ver estas embarcações a navegar. O primeiro dia, com a realização de uma regata que foi vencida pela embarcação Princesa do Tejo. É de uma beleza enorme poder ver estes panos abertos a deslocar obras de arte no mar.





Embarcação júri de prova, "Velho Bogas" 

O segundo dia, cais aberto onde os visitantes do encontro tiveram oportunidade de navegar e tomar contacto direto com a forma de manusear uma embarcação tradicional. Os proprietários das embarcações disponibilizaram as mesmas gratuitamente para os visitantes poderem ter essa oportunidade.





O dia não terminou da melhor maneira, esse fenómeno manhoso de vento, se me permitem a expressão, fez estragos no plano de água. Sem nada prever, um vento forte e repentino rasgou uma série de velas de diversas embarcações e virou uma canoa com visitantes. De registar a experiência dos tripulantes em manter a calma e o pronto socorro de uma embarcação do Município do Seixal e duas embarcações de apoio da Associação Náutica do Seixal. Rapidamente foi conseguida a colocação das pessoas a salvo e voltar para recuperar a embarcação que se encontrava virada e com o mastro partido. Esse trabalho não teria sido possível sem o apoio da embarcação Velho Bogas, com o seu porte e força conseguindo rebocar para terra e voltar a colocar a flutuar, depois de retirar toda a água do interior. Grande trabalho de equipa, podia deixar aqui os nomes mas não é necessário, são sempre os mesmos que gostamos disto e no fundo, tudo acabou bem.

Princesa do Tejo, após recuperada e acomodada em cais


Apesar de tudo, só se registaram danos e perdas materiais, as pessoas envolvidas não tiveram a melhor das experiências, assim como  todos os que se encontravam na água com as suas embarcações e que por muito tempo tiveram de lutar para aguentar as suas embarcações em segurança.

A calma voltou, o vento caiu totalmente e era hora de terminar o encontro, tirando o naufrágio que não se consegue esquecer, a iniciativa foi muito agradável e, mais importante que tudo, estas embarcações foram valorizadas. Estas iniciativas são muito importantes para a preservação deste património e esta veio dar mais uma força e ganhar adeptos para continuar com este legado. É muito importante que os municípios ribeirinhos do Tejo possam continuar a apoiar a preservação destas embarcações e também estender esse apoio a este tipo de iniciativas. Desta forma vamos vendo crescer o numero de particulares a adquirir embarcações tradicionais.




Aqui pela Baía do Seixal, é com muito gosto que vejo crescer o número deste tipo de embarcações. Como já escrevi anteriormente, através do "projeto Raposinho", a A.N.S. tem conseguido reunir esforços e cativar pessoas a participarem no mesmo, alguns vão mais longe e adquirem embarcações que são recuperadas com a entreajuda de todos.



Fico a aguardar mais iniciativas como esta, estou certo que muitas mais estarão por vir.
Deixo um forte abraço a quem, juntamente comigo, ajudou a que tudo acabasse bem.

Nuno Fernandes (Nós perto do mar) 

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