Faz tempo que estou para fazer este artigo, até porque passei 10 anos a retirar toras de madeira que se iam soltando destas embarcações. Faz muito tempo que estas embarcações repousam junto ao maravilhoso museu vivo e municipal de embarcações típicas do estuário do rio Tejo, em Arrentela.
Cresci e aprendi a pescar junto a estas embarcações, quando já não estavam em condições de navegar mas ainda impunham toda a sua beleza. Numa altura em que eram muitas as embarcações de grande porte que se encontravam abandonadas nas margens da baía, estas sem duvida que se enquadravam, por estar junto ao museu, e por se encontrarem belas, valorizando as margem enquanto as restantes não passavam de um monte de ferro velho abandonado que em nada dignificavam esta magnifica baía.
Uma altura em que a Baía do Seixal não era bonita, os esgotos reinavam e estes destroços que falo espalhavam se por quase toda a orla e eis que um grande trabalho de limpeza e requalificação dos esgotos vem devolver toda a sua beleza que encontramos hoje, uns bons anos passados. Grande trabalho da autarquia, a administração da altura, a meu ver mais vocacionada e com outra visão nesta matéria, aproveitou os fundos do QREN juntamente a um forte investimento dos munícipes e foram retiradas, salvo erro, 11 embarcações de grande porte entre outros monos e foram criadas condições de navegabilidade dentro da baía bem como de acesso a terra com a reconstrução e colocação de novos equipamentos náuticos.
A estação elevatória, retirou todos os esgotos, ok quase todos, e deu se uma transformação na maneira como mal tratávamos esta nossa baía e os resultados, com a continuação serão de referência ambiental. É de reconhecer o bom trabalho a nível ambiental.
Estas são as embarcações que vos falava que eram belas, com todas as suas cores e imponência do seu tamanho, não vejo razão para se encontrarem no local. Respeito os gostos de cada um mas o risco à navegação que as peças de madeira que se soltam podem causar as muitas embarcações que convidamos a nos visitar, podem causar um rombo no casco e lá está uma carga de trabalhos para quem não conta dar de caras com peças de madeira a flutuar com pontas de ferro agarradas. Garanto que não existem mais relatos porque as pessoas que estão permanentes no plano de água, de há uns anos para cá, as sinalizam e retiram para terra antes que possam causar danos.
Não podemos colocar nas costas da natureza a limpeza do que o homem suja, neste caso é o que está a acontecer. A maré vai limpando aos poucos para voltar a dignificar o local
Fica o alerta, não é certamente pelos custos de retirada do que resta no local que não se faz a intervenção e certamente vai retirar riscos a quem navega, para alem de requalificar o local.
Um abraço a todos,
Nuno Fernandes (Nós perto do mar)
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